quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

COMUNICADO

Olá Artistas, segue a programação do TEG – TEATRO DE EXPERIÊNCIA GRAPÍUNA no mês de dezembro. Espero vocês lá, divirtam-se... Muita merda pra todos. Laços


A estrela Maior, Texto/ Direção: Marquinho Nô - 18/ dezembro/2009 – sexta- feira, às 18 horas, Praça Camacã – Centro


O Camelô, Texto/ Direção Marquinho Nô -19/ dezembro/2009, sábado às 19 horas, BAR Momento ZEN – São Caetano


Minelvino , Texto/ Direção Marquinho Nô -20/ dezembro/2009, domingo às 17hs na abertura III MOSTRA GRAPÍUNA DE MONÓLOGOS, Centro de Cultura Adonias Filho ( Itabuna).


Poema “SONHO” , Texto/ Direção Marquinho Nô- 20/ dezembro/2009, domingo às 17hs na abertura III MOSTRA GRAPÍUNA DE MONÓLOGOS, Centro de Cultura Adonias Filho (Itabuna).


O Camelô, Texto/ Direção Marquinho Nô 20/ dezembro/2009, domingo a (quarta apresentação) da III MOSTRA GRAPÍUNA DE MONÓLOGOS (Itabuna).


Monólogo para um ator invisível, Texto: Marquinhos NÔ, Direção: Yêda Lima- 20/ dezembro/2009, domingo a (décima primeira apresentação) da III MOSTRA GRAPÍUNA DE MONÓLOGOS(Itabuna).

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

FERIAS!!

O laboratório Criativo entra de ferias, junto com as ferias da UESC, voltaremos, juntamente com as aulas...
Desejamos a todo um Feliz Natal e Um ano Novo Cheio de Luz e Muita MERDA!

sábado, 14 de novembro de 2009

Homenagem à Carlos Marighella


O laboratório Criativo marca presença na prestação de homenagens à Carlos Marighella em memoria de seus 40 anos de morte.
Abrindo o evento o Laboratório fez uma pequena apresentação com um de seus poemas, intitulado "Liberdade"

Liberdade - Carlos Marighella
Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.

E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.


A apresentação consistia em uma entrada ao som da musica de Vanessa da Mata, chamada minha herança, em movimentos duros, fortes e retos. Ao final da música nós três nos dirigíamos ao centro do ambiente e quebrávamos toda essa dureza de movimentos, passando então a fazermos movimentos leves. Dentro dessa roda recitávamos o poema e no fim corríamos cada uma pra um canto pré definido e desse lugar gritávamos: "Vai Carlos, Ser Marighella na vida!".
A apresentação constou com a presença de Elaine Bela vista, Márcia Mascarenhas e Tacila Sousa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FOTOS



Primeiras goticulas da apresentação que será feita na Semana de Consciencia negra.


Ensaio do Caso do Vestido
















Video Canto Iemanjá

primeira tentativa da performance a ser apresentada durante a semana da consciência negra (15 a 20 de Novembro)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Caso do Vestido

Caso do Vestido

Carlos Drummond de Andrade

Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?

Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.

Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?

Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.

Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.

Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.

O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.

Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!

Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.

Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.

E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,

se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,

chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,

me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,

mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.

Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro,

beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.

Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,

me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,

que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...

Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.

Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio. Disfarcemos.

Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.

Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.

E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.

Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.

Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,

só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.

Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.

Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.

O seu vestido de renda,
de colo mui devassado,

mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.

Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.

Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio,

visitei vossos parentes,
não comia, não falava,

tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.

Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,

perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,

minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,

minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.

Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.

Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,

pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.

Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,

que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido,

última peça de luxo
que guardei como lembrança

daquele dia de cobra,
da maior humilhação.

Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.

Mas então ele enjoado
confessou que só gostava

de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,

fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,

me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,

me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,

bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,

dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.

Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito

de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.

Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.

Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?

quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?

quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?

quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?

Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.

Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.

Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada

vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,

mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,

põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,

comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,

comia meio de lado
e nem estava mais velho.

O barulho da comida
na boca, me acalentava,

me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito

de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.

Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.


Texto extraído do livro "Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.

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